quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Internet a cabo


A Internet via TV a Cabo


Neste artigo estaremos abordando uma tecnologia, que sem mais dúvidas (havia muita discussão da sua viabilidade ou não a uns 2 anos atrás), é peça fundamental nestes aspectos de convergência das telecomunicações. Isto por envolver o novo paradigma das comunicações, a Internet, e um meio físico consagrado nos EUA e em crescimento vertiginoso aqui no Brasil, a CATV (Com o significado hoje em dia de Cable Television, mas que nos primórdios era Community Antenna Television, ou seja, uma antena comunitária cujos sinais são levados a todos via cabo).

Quem trabalha em uma rede local (Empresa, Universidade) com velocidades de no mínimo 10 Mbps, mesmo que seja compartilhado, e tem o privilégio hoje no Brasil de ter uma conexão a Internet de 2 Mbps (E1, o máximo oferecido pelas Teles) sabe a diferença de ter conexões domésticas a no máximo 56 Kbps. Estar no paraíso durante o dia e chegar à noite, onde justamente teria todo tempo (tempo ?) para seu "passatempo" predileto, e experimentar a lentidão, tão "maldita" da Internet. Esperar minutos pelo simples visualizar de uma imagem, de páginas mais trabalhadas, nos sites mais interessantes. E as promessas de tecnologias de alta velocidade ? Está mais do que na hora de podermos experimentar tais tecnologias. Sim, e aqui no Brasil.


Dois Atores: Malhas de TV a Cabo e Cable Modems


Com o crescimento assustador do número de usuários (empresas e pessoas físicas) ligados em redes conectadas a Internet (ou não) e com o aumento ainda maior no volume de informações que trafegam nessas redes, em decorrência principalmente dos novos serviços gráficos presentes como o World Wide Web, surge a necessidade de meios de transmissão que respondam a maiores taxas de transferência de dados entre computadores.

Utilizar a rede de TV a Cabo para trafegar dados em altas velocidades (até 30 Mbps) é uma solução viável. Aproveitando o recurso da transmissão reversa em determinados canais disponíveis, podemos trafegar dados na malha das operadoras de Cabo das grandes ou pequenas cidades que tenham esse serviço. Introduz-se então o conceito de MAN (Metropolitan Area Network) que, assim como a LAN (Local Area Network), interliga diferentes computadores em locais distintos através de um mesmo protocolo padrão. A diferença no caso atribui-se às distâncias envolvidas. Enquanto numa LAN Ethernet a distância máxima entre computadores é da ordem de 3 Km (através de fibra óptica), numa MAN baseada na rede de TV a Cabo essa distância chega a mais de 100 Km. É interessante notar também que, com a mesma infra-estrutura de cabos, é possível formar redes lógicas, uma independente da outra, alocadas em canais distintos e servindo a diferentes clientes.

Para utilizarmos essas malhas necessitamos de Modems mais rápidos do que os atuais usados na malha telefônica, dispositivos estes que possam trabalhar com as taxas de até 30 Mbps, são os chamados Cable Modems, e uma dezena ou mais de fabricantes concorrem no mercado para abocanhar esta fatia, que nos Estados Unidos, por exemplo, chega a passar na frente de mais de 90% dos lares. Aqui no Brasil cresce a uma velocidade bastante grande e com vantagens tecnológicas de ponta.


Como funciona ?


No diagrama abaixo, é explicado cada elemento, dando uma visão exata de como os dados trafegam nesta tecnologia


Head End


No conceito de transmissão de sinais por cabo, chamamos de Head End, o local da empresa operadora que recebe sinais via satélite ou antenas locais (para os canais locais, por exemplo), ajusta-os, melhora sua definição, decodifica-os e depois transmite ao usuário (assinante) através de uma rede (malha) de cabos, que pode ser híbrida, ou seja, cabos ópticos e cabos coaxiais. Em geral os sinais ocupam nesta malha um espectro que vai de 40 Mhz até 550 Mhz, nas tecnologias mais novas, 750 Mhz. Esta faixa é dividida em porções de 6 Mhz, que são os canais disponíveis.

Enviar (downstream) e receber (upstream) dados dos assinantes é uma tarefa não trivial para as operadoras. O nível de sinal tem que ser sempre mantido não podendo ter variações em sua qualidade. Situação que para os canais normais, ou seja, vídeo analógico sendo transmitido, se há variações, elas passam quase que despercebidas pelo assinante. Para que este sinal seja mantido, as operadoras estão cuidando para que as malhas sejam híbridas (hybrid fiber-coax - HFC) e bem dimensionadas, quanto a um número limitado de usuários por célula (agrupamento de residências, bairro, condomínio, etc).


Conexão com a Internet


Para levar a Internet aos seus assinantes, a operadora tem que ter uma conexão à Internet. Esta conexão é feita através de elementos normais de rede, roteadores, estações, etc, do lado Internet. Para o lado da malha de TV a Cabo, um cable modem com propriedades de bridge ou gateway é suficiente. Não necessariamente esta conexão precisa ficar no Head End da operadora, mas pode por exemplo ficar num provedor Internet para a Malha. No caso do experimento da Unicamp na malha de TV a Cabo em Campinas este papel foi feito pela conexão Internet da Uninet (Unicamp Network).

Em termos de velocidade é importante que esta conexão seja a mais alta possível. Nos EUA, por exemplo, o ideal para as operadoras e seus parceiros (provedores Internet para as Malhas) é que conexões T3 (45 Mbps) sejam o mínimo, e até conexões de 100 Mbps (FDDI, Fast Ethernet) ou ATM 155 ou 622 Mbps estejam já em operação com as companhias de Telecomunicações. A razão destas conexões serem altas é óbvia, pois vai se entregar ao assinante do serviço velocidades que começam em 10 Mbps e podem chegar a 30 Mbps.

Nos EUA, a empresa @Home (www.home.net), criada para oferecer serviço de Internet via TV a Cabo, esta montado seu backbone particular de alta velocidade baseado em conexões ATM.


Cabeamento (Malha)


Levar dados da Internet para os assinantes através de TV a Cabo é muito mais difícil do que levar sinais de TV, como já foi dito. As arquiteturas das malhas em forma de árvore e suas ramificações faz com que, para que o sinal consiga sair do Head End e chegar até a casa do assinante num nível satisfatório, hajam amplificadores ao longo do caminho. Estes amplificadores fortalecem o sinal enfraquecido, porém também fortalece qualquer ruído inserido na malha (aparelhos elétricos na casa de usuários, transformadores elétricos nos postes, conectores desajustados, etc). Estes ruídos causam erros nos dados trafegados. Para resolver estes problemas as operadoras estão tentando levar os cabos ópticos o mais próximo possível da casa do assinante. Quanto mais cabos ópticos houver na malha, melhor. Sendo estas malhas híbridas (HFC), os ruídos estão presentes nos cabos coaxiais, seus repetidores, amplificadores, etc.

Existem um número grande, nos EUA, de malhas totalmente coaxiais, e trocá-las por HFC’s nem sempre é uma tarefa fácil e barata. A empresa Cox Communications está gastando US$ 20 milhões no upgrade de uma malha em uma pequena cidade. A gigante Time Warner Cable esta gastando US$ 4 bilhões.


Vizinhança


Os cabos oriundos do Head End chegam até uma célula: bairro ou aglomerado residencial. Daí, cada novo assinante será ligado à rede, pela companhia, fazendo um split do cabo coaxial na vizinhança. Este split, enfraquece o sinal, necessitando que a operadora coloque amplificadores para fortalecê-lo. Outro fator importante na malha é o poder destes amplificadores em "amplificar" sinais altos e baixos (altos, de 40 a 550 Mhz; baixos, de 5 a 40 Mhz), justamente para a questão de interatividade ou bi-direcionalidade, no sinal baixo (sinal de retorno) trafega o upstream, no sinal alto, o downstream . Fazer upgrade destes amplificadores, é outra tarefa a ser feita em malhas antigas nos EUA.


Cable Spliter (Divisor de cabo)


Na residência ele vai servir para levar os sinais até o cable modem e também à TV. Os dois aparelhos podem funcionar simultaneamente. Os canais usados para Televisão não interfere no de dados e vice-versa.


Cable Box (Conversor, Sintonizador)


Nem sempre as TV’s ou Videos usados pelos assinantes têm capacidade para sintonizar todos canais disponíveis pela companhia. Neste caso é usado um conversor/sintonizador para o assinante ver além da programação básica, mais canais que sua TV não consegue sintonizar


Cable Modems


Os principais "atores" da tecnologia. Eles demodulam os sinais vindos em pacotes IP, para que o computador entenda. Isto vem numa faixa de 40 Mhz até 550 Mhz. O Cable Modem também envia dados de volta ao sistema de cabos na faixa de 5 Mhz até 40 Mhz. Portanto, um par de frequências é usado para a tecnologia, ou um par de canais. A variedade de fabricantes já é muito grande, e até a indústria adotar um padrão, eles não conversarão entre si, assim, se é adotado um fonecedor em uma rede, ele vai ser o mesmo na rede inteira, ou pelo menos em um par de canais (downstream, upstream).


O Computador


O Computador é conectado ao cable modem através de uma placa ethernet. Em geral define-se um número IP para ele, e também para o cable-modem. Pode-se ter casos em que, ao invés de conectarmos um computador à rede de cabos, gostaríamos de ter mais, então um Hub ethernet poderia ser conectado ao cable modem, fazendo este então o papel de uma bridge ou mesmo router (para isso ele tem que ter estas características)


fontes:Marçal dos Santos, Graduado em Ciência da Computação, Unicamp, 81Gerente de Desenvolvimento Tecnológico, Centro de Computação, Unicamp


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