Internet a cabo
A Internet via TV a Cabo
Neste artigo estaremos
abordando uma tecnologia, que sem mais dúvidas (havia
muita discussão da sua viabilidade ou não a uns 2 anos
atrás), é peça fundamental nestes aspectos de
convergência das telecomunicações. Isto por envolver o
novo paradigma das comunicações, a Internet, e um meio
físico consagrado nos EUA e em crescimento vertiginoso
aqui no Brasil, a CATV (Com o significado hoje em dia de Cable
Television, mas que nos primórdios era Community
Antenna Television, ou seja, uma antena comunitária
cujos sinais são levados a todos via cabo).
Quem trabalha em uma rede
local (Empresa, Universidade) com velocidades de no
mínimo 10 Mbps, mesmo que seja compartilhado, e tem o
privilégio hoje no Brasil de ter uma conexão a Internet
de 2 Mbps (E1, o máximo oferecido pelas Teles) sabe a
diferença de ter conexões domésticas a no máximo 56
Kbps. Estar no paraíso durante o dia e chegar à noite,
onde justamente teria todo tempo (tempo ?) para seu
"passatempo" predileto, e experimentar a
lentidão, tão "maldita" da Internet. Esperar
minutos pelo simples visualizar de uma imagem, de
páginas mais trabalhadas, nos sites mais
interessantes. E as promessas de tecnologias de alta
velocidade ? Está mais do que na hora de podermos
experimentar tais tecnologias. Sim, e aqui no Brasil.
Dois
Atores: Malhas de TV a Cabo e Cable Modems
Com o crescimento
assustador do número de usuários (empresas e pessoas
físicas) ligados em redes conectadas a Internet (ou
não) e com o aumento ainda maior no volume de
informações que trafegam nessas redes, em decorrência
principalmente dos novos serviços gráficos presentes
como o World Wide Web, surge a necessidade de
meios de transmissão que respondam a maiores taxas de
transferência de dados entre computadores.
Utilizar a rede de TV a
Cabo para trafegar dados em altas velocidades (até 30
Mbps) é uma solução viável. Aproveitando o recurso da
transmissão reversa em determinados canais disponíveis,
podemos trafegar dados na malha das operadoras de Cabo
das grandes ou pequenas cidades que tenham esse serviço.
Introduz-se então o conceito de MAN (Metropolitan
Area Network) que, assim como a LAN (Local Area
Network), interliga diferentes computadores em locais
distintos através de um mesmo protocolo padrão. A
diferença no caso atribui-se às distâncias envolvidas.
Enquanto numa LAN Ethernet a distância máxima
entre computadores é da ordem de 3 Km (através de fibra
óptica), numa MAN baseada na rede de TV a Cabo essa
distância chega a mais de 100 Km. É interessante notar
também que, com a mesma infra-estrutura de cabos, é
possível formar redes lógicas, uma independente da
outra, alocadas em canais distintos e servindo a
diferentes clientes.
Para utilizarmos essas
malhas necessitamos de Modems mais rápidos do que os
atuais usados na malha telefônica, dispositivos estes
que possam trabalhar com as taxas de até 30 Mbps, são
os chamados Cable Modems, e uma dezena ou mais de
fabricantes concorrem no mercado para abocanhar esta
fatia, que nos Estados Unidos, por exemplo, chega a
passar na frente de mais de 90% dos lares. Aqui no Brasil
cresce a uma velocidade bastante grande e com vantagens
tecnológicas de ponta.
Como
funciona ?
No diagrama abaixo, é
explicado cada elemento, dando uma visão exata de como
os dados trafegam nesta tecnologia
Head End
No conceito de
transmissão de sinais por cabo, chamamos de Head End, o
local da empresa operadora que recebe sinais via
satélite ou antenas locais (para os canais locais, por
exemplo), ajusta-os, melhora sua definição,
decodifica-os e depois transmite ao usuário (assinante)
através de uma rede (malha) de cabos, que pode ser
híbrida, ou seja, cabos ópticos e cabos coaxiais. Em
geral os sinais ocupam nesta malha um espectro que vai de
40 Mhz até 550 Mhz, nas tecnologias mais novas, 750 Mhz.
Esta faixa é dividida em porções de 6 Mhz, que são os
canais disponíveis.
Enviar (downstream)
e receber (upstream) dados dos assinantes é uma
tarefa não trivial para as operadoras. O nível de sinal
tem que ser sempre mantido não podendo ter variações
em sua qualidade. Situação que para os canais normais,
ou seja, vídeo analógico sendo transmitido, se há
variações, elas passam quase que despercebidas pelo
assinante. Para que este sinal seja mantido, as
operadoras estão cuidando para que as malhas sejam
híbridas (hybrid fiber-coax - HFC) e bem
dimensionadas, quanto a um número limitado de usuários
por célula (agrupamento de residências, bairro,
condomínio, etc).
Conexão
com a Internet
Para levar a Internet aos
seus assinantes, a operadora tem que ter uma conexão à
Internet. Esta conexão é feita através de elementos
normais de rede, roteadores, estações, etc, do lado
Internet. Para o lado da malha de TV a Cabo, um cable
modem com propriedades de bridge ou gateway
é suficiente. Não necessariamente esta conexão precisa
ficar no Head End da operadora, mas pode por exemplo
ficar num provedor Internet para a Malha. No caso do
experimento da Unicamp na malha de TV a Cabo em Campinas
este papel foi feito pela conexão Internet da Uninet (Unicamp
Network).
Em termos de velocidade é
importante que esta conexão seja a mais alta possível.
Nos EUA, por exemplo, o ideal para as operadoras e seus
parceiros (provedores Internet para as Malhas) é que
conexões T3 (45 Mbps) sejam o mínimo, e até conexões
de 100 Mbps (FDDI, Fast Ethernet) ou ATM 155 ou
622 Mbps estejam já em operação com as companhias de
Telecomunicações. A razão destas conexões serem altas
é óbvia, pois vai se entregar ao assinante do serviço
velocidades que começam em 10 Mbps e podem chegar a 30
Mbps.
Nos EUA, a empresa @Home
(www.home.net), criada para oferecer serviço de Internet
via TV a Cabo, esta montado seu backbone
particular de alta velocidade baseado em conexões ATM.
Cabeamento
(Malha)
Levar dados da Internet
para os assinantes através de TV a Cabo é muito mais
difícil do que levar sinais de TV, como já foi dito. As
arquiteturas das malhas em forma de árvore e suas
ramificações faz com que, para que o sinal consiga sair
do Head End e chegar até a casa do assinante num nível
satisfatório, hajam amplificadores ao longo do caminho.
Estes amplificadores fortalecem o sinal enfraquecido,
porém também fortalece qualquer ruído inserido na
malha (aparelhos elétricos na casa de usuários,
transformadores elétricos nos postes, conectores
desajustados, etc). Estes ruídos causam erros nos dados
trafegados. Para resolver estes problemas as operadoras
estão tentando levar os cabos ópticos o mais próximo
possível da casa do assinante. Quanto mais cabos
ópticos houver na malha, melhor. Sendo estas malhas
híbridas (HFC), os ruídos estão presentes nos cabos
coaxiais, seus repetidores, amplificadores, etc.
Existem um número grande,
nos EUA, de malhas totalmente coaxiais, e trocá-las por
HFC’s nem sempre é uma tarefa fácil e barata. A
empresa Cox Communications está gastando US$ 20 milhões
no upgrade de uma malha em uma pequena cidade. A gigante Time
Warner Cable esta gastando US$ 4 bilhões.
Vizinhança
Os cabos oriundos do Head
End chegam até uma célula: bairro ou aglomerado
residencial. Daí, cada novo assinante será ligado à
rede, pela companhia, fazendo um split do cabo
coaxial na vizinhança. Este split, enfraquece o
sinal, necessitando que a operadora coloque
amplificadores para fortalecê-lo. Outro fator importante
na malha é o poder destes amplificadores em
"amplificar" sinais altos e baixos (altos, de
40 a 550 Mhz; baixos, de 5 a 40 Mhz), justamente para a
questão de interatividade ou bi-direcionalidade, no
sinal baixo (sinal de retorno) trafega o upstream,
no sinal alto, o downstream . Fazer upgrade destes
amplificadores, é outra tarefa a ser feita em malhas
antigas nos EUA.
Cable
Spliter (Divisor de cabo)
Na residência ele vai
servir para levar os sinais até o cable modem e também
à TV. Os dois aparelhos podem funcionar simultaneamente.
Os canais usados para Televisão não interfere no de
dados e vice-versa.
Cable
Box (Conversor, Sintonizador)
Nem sempre as TV’s ou
Videos usados pelos assinantes têm capacidade para
sintonizar todos canais disponíveis pela companhia.
Neste caso é usado um conversor/sintonizador para o
assinante ver além da programação básica, mais canais
que sua TV não consegue sintonizar
Cable
Modems
Os principais
"atores" da tecnologia. Eles demodulam os
sinais vindos em pacotes IP, para que o computador
entenda. Isto vem numa faixa de 40 Mhz até 550 Mhz. O
Cable Modem também envia dados de volta ao sistema de
cabos na faixa de 5 Mhz até 40 Mhz. Portanto, um par de
frequências é usado para a tecnologia, ou um par de
canais. A variedade de fabricantes já é muito grande, e
até a indústria adotar um padrão, eles não
conversarão entre si, assim, se é adotado um fonecedor
em uma rede, ele vai ser o mesmo na rede inteira, ou pelo
menos em um par de canais (downstream, upstream).
O
Computador
O Computador é conectado
ao cable modem através de uma placa ethernet. Em
geral define-se um número IP para ele, e também para o
cable-modem. Pode-se ter casos em que, ao invés de
conectarmos um computador à rede de cabos, gostaríamos
de ter mais, então um Hub ethernet poderia ser
conectado ao cable modem, fazendo este então o papel de
uma bridge ou mesmo router (para isso ele
tem que ter estas características)
fontes:Marçal
dos Santos, Graduado em Ciência da Computação, Unicamp, 81Gerente de Desenvolvimento Tecnológico, Centro
de Computação, Unicamp
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